domingo, 18 de dezembro de 2011

Bula

Não há quem desvende os segredos de minh'alma sem antes passar pelos mistérios de meu corpo. Se sou um enigna, não sou irresolúvel. Desabrochar-me é um ofício arriscado; Tantas camadas podem naufragar suas tentativas prematuramente.

Encare-me como um jogo sem regras, um desporto sem doutrina. Não há mapa para quem deseja se aventurar em mim, nem bússola capaz de guiá-lo na direção correta.

Há competição em cada átimo de meu corpo: Eu contra o que você espera de mim; Eu gladiando contra o você, que quer se fazer hospedeiro, arrancar minhas virtudes e semear suas doutrinas. Não sou solo fértil, nem adubo para opiniões, sou ser infecundo para influências inscientes.

Sou oceano colérico na superficie, e calmaria em meu âmago. Sete mares não serão suficientes para navegar-me, mas serão para tragar-lhe para o fundo.

Para se alimentar de mim deve-se degustar cuidadosamente; O amargo do ínicio pode ser fatal, mas só os obstinados descobrirão que termino em doce. Não há receita para me reproduzir, muito menos um meio de descobrir minha composição. Nem xícaras nem colheres de sopa podem exatificar minha individualidade.

Se revelar-me é uma arte, é das mais abstratas; se é uma ciência, é a mais derivativa dentre todas as outras; se é matemática, é a equação com maior número de raízes possiveis, ou com nenhuma capaz.

Não pense que me conhece, este é um predicado que nem a mim se emprega.

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