domingo, 27 de fevereiro de 2011

Identidade

Não tem como ser eu e não se penitenciar por cada segundo sendo. Cada detalhe do somatório que sou é fundamental para me definir, cada incorreção, cada virtude, cada predicado. Sou um universo particular, estrelas adquirem em mim brilho fosco, fagulham refletindo meu humor, meu estado de querência. Os astros em mim não são planetários, pulsam, latejam, mas rotacionam no próprio eixo que sou eu. Vez por outra me rebento, explodo por dentro e de dentro para fora. Extrondo minhas lástimas a cada segundo, regozito toda e qualquer inquietação que perduram dentro de mim - Como se você fosse o culpado pela minha moléstia. Eu, como ser intimamente egocêntrico, aclamo-me sol, estrela maior de um conjunto menos significativo; É banal e pretérito, mas acredito que tudo gira em torno do meu próprio umbigo.

Decidi ser o mais complexo possível; Superficialidade me irrita, a facilidade de encontrar orientação me entristece. Num mundo de faces bidimencionais, o multifacetado é monarca. Desejo ser encarado como um desafio constante, não como calmaria. Cada dia se desvenda um novo capítulo de minh'alma, capítulos intermináveis - capítulos incompletos. Mas não pense que sou feito de palavras, elas me compõem, mas não estão sozinhas. Sou rico em riso, em choro, em graça, em sexo, em sonho, em carinho. Sou um milionário de milhões de corações, tantos partidos, tantos remendados. Coração de metáfora não morre. Sofre, sangra, estoura, mas se renova. Como a fenix que habita em mim, regresso das cinzas. Cinzas pálidos de um dia empobrecido, cinzas enegrecidos pelas energias negativas e aluminados pela constante mudança que ocorre dentro de cada ser humano. Se não fosse o retorno cíclico do dia-a-dia, enlouqueceria num mar de mesmice.

De tanto se questionar, o homem esquece de arriscar. Não existe etiqueta para se viver, muito menos regras e preceitos de como ter uma vida melhor. O único e maior presente que me foi oferecido foi o de viver. Existir me faz único, certo de que, mesmo que minha vida passe num sopro, ninguém poderá jamais continuar minha história sem mim. Único como sou, exalto-me pela minha capacidade particular de causar sensações. Tantos que me amaram, me odiaram, me elogiaram, me invejaram. Tantos me construíram e desconstruíram. Tantos que nem sei, que nem me lembro mais. Tantos e tão poucos perante a grandiosidade existente no meu âmago. Por quê a história acontece dentro de mim, o espetáculo de minha essência visto por olhos passageiros, olhos ligeiros e desatentos. Olhos que jamais perceberão o quanto sinto prazer em ser eu mesmo.

2 comentários:

  1. Uau! Prefiro começar assim, pois ainda não sei como comentar ou elogiar esse MARAVILHOSO texto. Parabéns pelo prazer que sente em ser você mesmo, parabéns mais uma e várias outras vezes. Esse prazer reflete no que você escreve, deve ser por isso que o texto ficou MARAVILHOSO, não estou falando coisa com coisa,enfim, sofro ainda do impacto causado por suas palavras.

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  2. putz
    bom isso
    mto bom isso

    abraço
    bom carnaval

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