domingo, 19 de dezembro de 2010

Ametista

Amarrada ao pulso esquerdo, a ametista, dizem, permite ao usuário ver o futuro nos sonhos. Ela repele pansamentos e ações malignos, dá um senso apurado para os negócios e previne contra a saúde ruim. A ametista atrai o amor e a boa sorte e ajuda a prevenir a embriaguez.Na mitologia grega, Ametista seria o nome de uma ninfa que, para ser protegida do assédio de Dioniso, (Baco, na versão romana), foi transformada pela deusa da castidade num cristal transparente. Baco então nada mais podia fazer, a não ser mergulhá-la no vinho - de onde teria vindo sua coloração arroxeada.

Quando o sol te pertransir irei ver teu âmago, minha bela preciosa. Caleidoscópio d'alma, nutre tua essência e faz-se gradiente de sentimentos. Da raiva ao ódio, eis de transparecer. Pobre ninfa dos gregos, de mito tornou-se tormento, melodia tão triste que só é audível aos enfermos, aos que sofreram do amor finito e inacabado. Àqueles que prendem-se ao pretérito, narcisam-se em memórias e enamoram-se com fantasmas. Amam o que não podem ter e jejuam da verdade que os rodeiam, eles são cegos e mudos. Nenhum sussurro é percebido, nem o farfalhar do retiro. Sua reclusão é seu alento, a motivação para estar vivo.

Prenda-me ao teu canhoto e abra os olhos, vislumbre o porvindouro. Você acredita em fábulas? Consegue acreditar no não-científico, na ausência de provas, só na crença? Consegue acreditar no afeiçoamento se ele não é sólido? Mociça não é a verdade, mas as feridas dos estigmas. A evidência é ancestral, tão secular quanto a amizade, quanto o amor. É evidente que se ama, pois se sente o arrepio, o coração acelerado, tão solidificado como as fórmulas periódicas. A verdade é o que se acredita!

Cure minhas dores, quartzo rosado. Poupe minhas lágrimas e me alivie. Sou seu devoto, seu seguidor. Sou um dos poucos deste universo que acreditam na capacidade do sentir, sinto com ternura e sufoco-me. Respirar é doce, tomar fôlego é amargo, sentir seu hálito sobre mim é a soma de toda e qualquer sensação. Viver, talvez.

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