sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ana - Ano # Tomia - Malia

Sou poeta! Mas hoje em dia, quem não é?
Se eu rabisco, sou desenhista, se intento colorir, sou um pintor.
Se digo que te amo, sem gagejar, pestanejar ou torcer os dedos, sou orador.
Se te pego em meus braços, acarinho teus cabelos e sinto sua fragrância, sou amante.
O que eu sou na verdade?
Sou o ontem, o anti-ontem e o que meu passado acusar.
Sou as escolhas que ainda não me permitir fazer, nem imaginei fazer um dia.
Sou homem, fraco e aprendiz, buscando por um motivo para continuar a viver.
Se sou mágoa, vivo pra chorar; se sou sorriso, vivo para secar suas lágrimas.
Sou palhaço de um circo ensolorado, dramaturgo de um castelo em ruínas.
Posso ser número, letra e olhar. Sua desgraça ou sua liberdade.
Sou quem você procura, e sou eu quem pretende te achar.
Sou escritor de belas palavras, leigo de uma ortografia profundamente variável.
Inventor de orações, sons e rimas. Crio rimas! Crio meu próprio espetáculo.
Sou mentiroso, falsário e ator nas horas vagas. Atuo sempre, contradizendo o semblante de meus olhos.
Sou detetive, vítima e assassino, sem nem ao menos precisar piscar o olho para te desarmar.
Sou o dia e a noite, mas não a tarde. Prefiro os extremos ao meio.
Branco e Preto, Azul e vermelho. E nas horas vagas posso ser o amarelo.
O calor, o frio. Os doces erros e as amargas consequências.
Não, não sou o pedido de desculpas. Nada me faz descer de meu pedestal para buscar o perdão dos outros. Sou o meu próprio perdão, minha própria motivação.
Sou alquimista, mágico e equilibrista. Descobri a fórmula mágica para balancear meus medos.
Se sou humano, sou um Deus. Deus de meu próprio universo particular.
Se sou Deus, sou soberano e sendo assim serei tirano.
Sou governante, severo e destoante. Sou a nota falha de uma melodia inacabada.
Sou virgem puritano, meretriz. Posso ser sensual, beirando o pornográfico, mas antes preciso de seu concentimento.
Sou invisível, sou silêncio, mas jamais serei o nada. Ainda poderás ouvir meu respirar.
Sou enfermidade, sou a cura. E principalmente a decadência que há entre ambos.
Sou poeta! Sim, um dos bons, devo confessar.
Já que falo de mim, me exponho sem medo, nu, cru defronte olhos vigilantes.
Sou poeta porque consigo ser eu em todos os momentos de minha vida.
Sou segundo, minuto e hora. Sou um dia inteiro sendo o mesmo ser errante de sempre.
Sou cíclico e metaformo. Sou o sangue que corre em minhas veias.
Mas não, não sou você.
Você é a única coisa que eu não consigo ser.
Sou melhor, com certeza.
Sou poeta!

Um comentário:

  1. O poeta é um homem miserável. Ele não tem tempo; vive o passado, o presente e o futuro. Ele não tem história, ele vive a história do mundo sendo assim parte dela. Ele não tem palavras, o que possui são vestígios de alma. O poeta é o homem mais rico do mundo, porque ele diz e se contra diz, se assim seu coração mandar.

    Garoto Mal Intencionado, poeta de letras tortas.

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