segunda-feira, 29 de março de 2010

O Roseiral, a fragrância...

Prefiro o amor ao sexo, ignorando toda e qualquer necessidade fisiológica de meu corpo. Acredito sim que o sexo está profundamente ligado a tal sentimento, mas a voluptuosidade crua, cruciante e lancinante está ligada a quê? O calor dos corpos só é férvido quando acompanha o ritmo da batida do coração, o compasso do sentimento. Os beijos só são deleitosos quando a boca é de quem se ama; a saliva é inexpugnável, o encaixe é artístico. Os abraços só são confortados quando os braços que lhe enlaçam são os mesmos que te chamam para dançar. O cheiro, ah o cheiro, o cheiro inflamante que invade minhas ventas e me cegam por completo, me excitam desde a cabeça ao limite do dedão do pé. Cheiro que me persegue, que me causa alucinação. Cheiro que se aglutina a minha pele, que me acompanha até a hora de dormir. O toque que me eriça, me aliena. O toque que pode ser carinho, pode ser afago. O toque que toca com força, que incendeia. O olhar que avista minh’alma, que viaja por todas as minhas moléculas e que me despe numa fração de segundos. O olhar de desejo que só é deleite se a íris estiver em perfeita sintonia com o objeto de procura. O sorriso tímido e o convidativo, o sorriso que acontece para te deixar a vontade e livre para avançar, o sorriso que te conforta caso nada corra como o esperado.

Dois corpos, dois corações alheios numa só pancada. Nada disso basta se não houver sentimento, nada será completo se ambos não tiverem plena certeza de que desejam se aventurar pelas curvas aveludadas do corpo de seu amante. Prefiro o amor ao sexo, prefiro os beijos tênues, os abraços carinhosos, o perfume singular, o toque afável, o olhar tímido, o sorriso sem-graça... Prefiro ser uma ameba a não ser amado, me reproduzindo por compromisso, desfrutando de momentos que se esvaíram no instante seguinte. Prefiro não ter meus braços, minhas pernas, abrir mão de minha juventude, se tiver um amor verdadeiro. Porque tudo passa, menos o amor genuíno. Não preciso do sexo se eu tiver você ao meu lado.

Um comentário:

  1. Comentei no primeiro post do blog, e agora no mais recente.
    As palavras são belas, como sempre. As mentiras, afáveis como nunca. Os sentimento foram/são/serão perturbadores, corpo alma e coração.
    O que é que falta mesmo?

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