quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Granada

A Granada é conhecida desde os primórdios da memória humana devido a seus efeitos terapêuticos e sua beleza. Teve uma posição de grande destaque entre quase todos os povos. Faz parte das pedras que desde a Antigüidade eram apreciadas como originadoras da vida. Diz a tradição que a Arca de Noé foi iluminada por uma grande Granada. O nome Granada originou-se do Latino “Granatus”, que significa “grão”, segundo outras tradições foi a mesma descrita como “Carfunculus” que significa “a pedra que luz”.

A clássica sátira do que é viver, encontrar o amor esculpido nas mais rudes facetas, identificá-lo nas formas mais lutuosas e nas corporaturas mais lúgubres. Sentimento não está apenas no que é belo, mas sobrevive do especioso. Uma flor pode nascer num campo de batalha, pode ser regada por sangue e amaldiçoada por milhões de cadáveres decapitados. Mas o terror é laureado com a vida, recebe a dádiva de sustentar uma existência. Assim é você. Ser humano, multifacetado em um enxame de emoções. Templo para as histórias mais trágicas, os romances mais prósperos e as lágrimas mais salgadas. Somos quem somos por quê podemos determinar isso, sabemos que temos que lidar o tempo todo com dois universos, um em nosso interior e o outro antagonista. A mágica é saber balancear isso.

Se queres luz, poderás ter. Luz é para todos, até para aqueles que acham que não precisam. A luz que surge das trevas, a tocha que vem iluminar a incerteza, clarear os pensamentos e nos auxiliar nos julgamentos. Luz incorpórea que não dita, nem afirma ou muito menos exige, mas aconselha. A elucidação que se funde a nossa alma, que nos aquece e nos dá energia, nos revigora. O fogo que queima nas mais baixas temperaturas do espírito, que nos impulsiona a ser quem somos, que nos dá identidade, heterogeneidade. Por quê no fim, somos todos inundados pela mesma flama; O ardor que nos atinge singularmente. O grão que nos distingue um do outro é só um grão, um tacanho tumor que reside em nosso interior e que é o bastante para nos mostrar que o belo pode existir no nosso coração. Uma flor morta pode servir de adubo para outras vidas.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Ametista

Amarrada ao pulso esquerdo, a ametista, dizem, permite ao usuário ver o futuro nos sonhos. Ela repele pansamentos e ações malignos, dá um senso apurado para os negócios e previne contra a saúde ruim. A ametista atrai o amor e a boa sorte e ajuda a prevenir a embriaguez.Na mitologia grega, Ametista seria o nome de uma ninfa que, para ser protegida do assédio de Dioniso, (Baco, na versão romana), foi transformada pela deusa da castidade num cristal transparente. Baco então nada mais podia fazer, a não ser mergulhá-la no vinho - de onde teria vindo sua coloração arroxeada.

Quando o sol te pertransir irei ver teu âmago, minha bela preciosa. Caleidoscópio d'alma, nutre tua essência e faz-se gradiente de sentimentos. Da raiva ao ódio, eis de transparecer. Pobre ninfa dos gregos, de mito tornou-se tormento, melodia tão triste que só é audível aos enfermos, aos que sofreram do amor finito e inacabado. Àqueles que prendem-se ao pretérito, narcisam-se em memórias e enamoram-se com fantasmas. Amam o que não podem ter e jejuam da verdade que os rodeiam, eles são cegos e mudos. Nenhum sussurro é percebido, nem o farfalhar do retiro. Sua reclusão é seu alento, a motivação para estar vivo.

Prenda-me ao teu canhoto e abra os olhos, vislumbre o porvindouro. Você acredita em fábulas? Consegue acreditar no não-científico, na ausência de provas, só na crença? Consegue acreditar no afeiçoamento se ele não é sólido? Mociça não é a verdade, mas as feridas dos estigmas. A evidência é ancestral, tão secular quanto a amizade, quanto o amor. É evidente que se ama, pois se sente o arrepio, o coração acelerado, tão solidificado como as fórmulas periódicas. A verdade é o que se acredita!

Cure minhas dores, quartzo rosado. Poupe minhas lágrimas e me alivie. Sou seu devoto, seu seguidor. Sou um dos poucos deste universo que acreditam na capacidade do sentir, sinto com ternura e sufoco-me. Respirar é doce, tomar fôlego é amargo, sentir seu hálito sobre mim é a soma de toda e qualquer sensação. Viver, talvez.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Créditos

Não acabou, não enquanto minha respiração reclamar seu nome. Não enquanto cada fibra do meu corpo gritar em protesto pela falta do corpo teu. Minha boca, seca e rúptil em ânsia pela sua saliva, mordisca-se em miséria, lutando para acostumar-se à ausência da tua. Meu colo que agora afaga migalhas, meu pescoço que insisti em se arrepiar com a lembrança do teu abraço, do cheiro que teu corpo exala quando posto em circunstâncias extravagantes. Não terminou enquanto o amor não terminar, não enquanto meu coração se manter aquecido e compassado junto ao seu. Não enquanto as lembranças ainda forem lembranças, seus objetos forem mais que objetos, mas fragmentos de uma história. Não enquanto seu rosto surgir em minha mente no primeiro segundo do dia e for o último a me presentear antes de dormir. Não, não enquanto não existir mais rotina para mim, senão a sua. Não enquanto eu ser seu e você meu, ao menos no íntimo. Não, isso não acaba agora! Não enquanto ainda existir uma história por detrás da moléstia, e os bons momentos afastarem os ruins. Não acaba enquanto existir a vontade de cultivar o amor e semear a afetividade!